terça-feira, 24 de agosto de 2010

O poema matemático



Um Quociente  apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Por uma  Incógnita.
Olhou-a com   seu olhar inumerável
E viu-a, do   Expoente à Base...
Uma Figura  Ímpar;
Olhos  rombóides, boca trapezoidal,
Seios  esferóides, corpo ortogonal.
Fez da sua  vida
Uma paralela  à dela.
Até que se  encontraram
No Infinito.
"Quem és  tu?", indagou ele
Com ânsia  radical.
"Sou a soma      do quadrado dos catetos.
Mas pode-me   chamar Hipotenusa."
De falarem  descobriram que eram
O que, em  aritmética, corresponde
A almas  irmãs:
Primos-entre-si.
E assim se  amaram
Ao quadrado   da velocidade da luz.
Numa sexta  potenciação
Traçando
Ao sabor do   momento
E da paixão
Rectas,  curvas, círculos e linhas sinusoidais.
Escandalizaram  os ortodoxos
das fórmulas  euclidianas
E os exegetas  do Universo Finito.
Romperam  convenções newtonianas
e  pitagóricas.
E, enfim,  resolveram casar,
Constituir um  lar.
Mais que um   lar.
Uma   Perpendicular.
Convidaram  para padrinhos
O Poliedro e  a Bissectriz.
E fizeram  planos, equações e
diagramas  para o futuro,
Sonhando com  uma felicidade
Integral
E  diferencial.
E casaram e   tiveram
uma secante e  três cones
Muito  engraçadinhos.
E foram  felizes
Até aquele  dia
Em que tudo,  afinal,
Vira  monotonia.
Foi então que  surgiu
O Máximo  Divisor Comum...
Frequentador  de Círculos Concêntricos.
Viciosos.
Ofereceu-lhe,  a ela,
Uma Grandeza  Absoluta,
E reduziu-a a  um Denominador Comum.
Ele,  Quociente, percebeu
Que com ela   não formava mais um Todo.
Uma Unidade.
Era o  Triângulo,
Tanto chamado  amoroso.
Desse  problema ela era a fracção
Mais  ordinária.
Mas foi então  que Einstein descobriu
A  Relatividade.
E tudo que  era espúrio passou a ser
Moralidade  como, aliás, 
em qualquer Sociedade.

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